Vivemos dias diferentes, e o que para nós é viver dias diferentes?
Estávamos acostumados em não parar para olhar ao nosso redor detalhadamente com tempo maior. Não víamos aquilo de bonito ou o que precisaria de uma atenção dobrada em nossas casas, em nossa rua, em nosso trabalho. O caminho físico dele (o trabalho) já deve estar com saudades da rotina que levávamos sem ao menos perceber.
A palavra crise tanto dita antes foi substituída pela então pandemia (que não deixa de embalar a mesma), e isso não afeta apenas nossa cidade, nossa capital ou nosso país, isso diz respeito ao mundo. Não afeta apenas os cidadãos de classe média baixa, a pandemia afeta todas as classes. Não sei se posso dizer mais ou menos, mas a classe média alta não estava preparada para essa “igualdade social”.
Dias desses fui questionada por uma criança: “A pandemia é por conta do novo coronavírus, até quando ele será novo?” Minha resposta pode não ter sido das melhores, mas ela foi assim: até quando ele deixar de ser novo para outro novo.
Muitos de nós não estaremos aqui para contar sobre esse momento de dor para nossos netos, mas muitos de nós vamos sim dar a volta por cima sobrevivendo a esse vírus, sobrevivendo a esse horror.
A sua fé dirá muito desse momento, a sua falta de fé também dirá. E o que eu penso sobre mudanças? Eu penso que o mundo nunca mais será o mesmo, isso não quer dizer de fraquezas ou de forças, isso diz reflexão, de saber com mais proximidade sobre o amanhã ser improvável, que somos iguais em determinadas situações, isso quer dizer do que o dinheiro não compra, diz de dificuldades igualitárias.
Aqui neste momento em que vivemos não existe heroísmo, existe uma linha de frente corajosa que assim como eu e você está correndo risco de amanhã ser mais uma citada na estatística nacional.
São dias que desembargador e empresário humilham classes de trabalhadores que estão na rua em prol da vida, colocando a própria em risco e, se não bastasse o risco físico, o psicológico. Esses trabalhadores estiveram envergonhados com a situação ao ponto de não terem coragem de mostrar aos filhos tal comportamento.
Comportamento esse que no outro dia o empresário se desculpa e você me pergunta se acho que as pessoas mudarão com a situação da pandemia. Como? Com o grande número de crianças e mulheres sendo mortas e violentadas, dentre outras situações.
Temos representantes do nosso município sendo empático, sendo referência nacional com sua criatividade e inovação, mas temos também representantes olhando apenas para seu status.
Pesquisas científicas confirmam: “A natureza agradece pelo isolamento social e, nós humanos, como ficamos? Deixo essa afirmação e essa interrogação para que possamos refletir, afinal, o amanhã, de fato, não nos pertence.
Cleide Neves, pedagoga, especialista em métodos e técnicas de ensino e cursando o VII período de Psicologia.