Proprietários não chegaram a consenso sobre reabertura dos estabelecimentos
Bares e restaurantes devem continuar fechados no Estado, mesmo que o governador Ronaldo Caiado (DEM) flexibilize as medidas de contenção ao coronavírus e autorize estes estabelecimentos a funcionarem a partir de segunda-feira, dia 20, em novo decreto que será publicado pelo governo de Goiás.
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Goiás (Abrasel-GO) considera que “inimigo é invisível e desconhecido” e que a reabertura deve ocorrer de maneira coordenada e programada.
Como falta consenso entre os estabelecimentos sobre as novas exigências do governo do Estado, enquanto não houver flexibilização total com regas de convivência, a Abrasel-GO decidiu que o segmento vai continuar de portas fechadas.
Em nota a entidade justificou a decisão.
Veja a íntegra da nota:
Prezados Proprietários de Bares e Restaurantes do Estado de Goiás,
Na noite de quarta-feira, dia 15/04/2020, fomos informados de que o
Governo de Goiás estava acenando com a possibilidade de reabrir os Bares e
Restaurantes, observadas as exigências e diretrizes para que isto acontecesse.
Procuramos o Governador e perguntamos quais seriam estas diretrizes e sua
assessoria nos respondeu que algumas delas seriam:
1. Mesas 2m distantes umas das outras;
2. Pessoas distantes 1m uma das outras, ou seja, em uma mesa de quatro pessoas
só podem sentar duas pessoas, em uma mesa de oito pessoas, só podem sentar
quatro pessoas;
3. Restaurante só poderiam operar com 50% de sua capacidade;
4. Não poderão abrir estabelecimentos com comida por kg, self-service ou
qualquer tipo de Buffet;
5. Não poderão abrir restaurantes que não tenham ventilação natural e que
dependam exclusivamente de ar condicionado;
6. Não poderá,em hipótese nenhuma, haver shows ao vivo e nem voz e violão em
nenhum tipo de estabelecimento; para evitar aglomeração;
7. Todos os colaboradores, inclusive Garçons, deverão utilizar máscaras
descartáveis;
8. A permanência máxima do cliente na casa deverá ser de 40 minutos.
9. Boates, Pubs e afins não poderão reabrir em hipótese nenhuma;
10. Em caso de desobediência de algum estabelecimento às normas descritas
acima, a quarentena poderia ser retomada a qualquer momento para todo o
segmento;
11. E ainda, caso a pandemia se alastre em Goiânia, será decretado novamente o
isolamento.
“SE SAIR DO CONTROLE, EU VOLTO A TRAVAR TUDO.” Disse o Governador Ronaldo Caiado, inclusive no Jornal O Popular do dia 17/04/2020.
“QUANDO FLEXIBILIZAR, OS NÚMEROS VÃO CRESCER. SE GOIÂNIA CHEGAR A 100 CASOS POR DIA, ACENDE O SINAL VERMELHO COMPLETO E PARA TUDO. VAMOS RETROAGIR DE NOVO. SE SAIR DO CONTROLE, EU TORNO A BAIXAR O DECRETO COM O ISOLAMENTO.” Ronaldo Caiado – Governador – Jornal o popular – 17/04/2020.
Após este feedback da assessoria, nos informaram que teríamos que
definir naquele momento a nossa posição, pois o Governador estava finalizando o
texto referente a Bares e Restaurantes para publicação do Decreto. Pedimos,
então, 05 minutos para que pudéssemos fazer uma reflexão.
Então partimos para algumas considerações, nos cinco minutos que nos foram
dados:
1. Considerando que não temos consenso sequer em nosso grupo de
WhatsApp, com aproximadamente 200 empresários e mais de 100 estabelecimentos;
2. Considerando que o nosso segmento, somente em Goiânia, reúne mais de 12.000
pontos entre Bares, restaurantes, botecos, cafeterias, pubs, etc.,com os mais
diversos tamanhos de negócios, e que cada um tem a sua realidade;
3. Considerando que chegarão agora no Brasil, mais de 200 milhões de testes
para COVID-19, portanto, quanto mais gente testada, maior o número de
infectados, e por isto mesmo o número de 100 casos em Goiânia será alcançado
facilmente nos próximos dias, seria iminente e inegável um novo fechamento em
um futuro muito próximo;
4. Considerando que nos locais onde não houve quarentena para restaurantes,
como Curitiba e Vitória, estão operando com uma queda de 80% a 90% do
faturamento e que o prenúncio de mortalidade de empresas já ronda a casa dos
50%;
5. Considerando que em Goiânia negociamos uma CCT que nos resguardou desde
antes do primeiro decreto do Governador;
6. Considerando, também, que estamos amparados por uma Medida Provisória que
faz com que o Governo Federal pague os salários dos funcionários por um período
de 60 (sessenta) dias. Retornando agora e chamando os funcionários de volta,
perdemos o benefício previsto na MP;
7. Considerando que ingressamos com medida judicial que permitiu a suspensão de
todos os protestos e inclusões no SPC e Serasa por um período de 90 dias
(março, abril e maio).
8. Considerando que empregamos mais de 40.000 funcionários só na cidade de Goiânia,
com impacto em mais de 200.000 pessoas diretas, que são seus familiares, e que
estes, ao transitar no sistema coletivo de transportes, indo e voltando para os
seus diversos locais de moradia, levando e trazendo o VÍRUS (Aparecida, Senador
Canedo, Trindade, Goianira, etc.); CORRENDO O RISCO DE NOSSOS COLABORADORES E
DE NÓS MESMOS CONTRAIRMOS O VÍRUS;
9. Considerando que hoje,17/04/2020, conforme o jornal O Popular, já atingimos
90% de OCUPAÇÃO DAS UTIS DISPONÍVEIS, portanto,a partir de agora, passarão a
escolher quem fará uso da UTI;
10. Considerando,ao final, que diante do Decreto do Governador, temos uma
oportunidade para renegociar dívidas de qualquer natureza, e se sairmos do
guarda-chuva do Decreto (quarentena), estarão em nossas portas querendo receber
e muitos sem crédito sequer para fazerem novas compras e suprirem os seus
estoques neste momento, mesmo que de forma acanhada;
Portanto, amigos, mesmo sabendo que não seria uma atitude de UNANIMIDADE
para o segmento, tivemos que decidir naquele momento e tivemos a coragem de
afirmar ao Governador que quando tivermos que reabrir, que esta reabertura
deverá ocorrer com a inclusão de todas e as mais diversas formas que abrangem o
nosso segmento, de maneira coordenada, programada e com muita responsabilidade
com nossos colaboradores, clientes, fornecedores e toda a sociedade Goianiense.
Sabemos, e temos total consciência, que teremos todos que nos reinventar e que
teremos pela frente UM NOVO NORMAL.
Finalizamos com a seguinte frase:“Toda a unanimidade é burra. Quem pensa com a
unanimidade não precisa pensar”.Sabemos que não seremos unânimes nesta decisão,
e ainda não sabemos se será acatada pelo Governador, mas, ao menos esperamos
ser compreendidos por todos e apoiados pela maioria.
Abraços a todos os nossos associados, e vamos continuar com serenidade e
respeito ao próximo, pois o inimigo é invisível e desconhecido. Juntos
venceremos este momento terrível.
Fernando Jorge
Presidente Abrasel Goiás
Newton Emerson Pereira
Presidente Sindibares Goiânia
Ronaldo Reis
Vice-presidente SindibaresGoiânia
G365 ([email protected])