Conselhos receberam mais de 7 mil denúncias de falta de EPIs
O Brasil superou, na última segunda-feira (15), duas centenas de mortes de profissionais de Enfermagem. Três em cada dez óbitos são de profissionais brasileiros, segundo levantamentos do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e do Conselho Internacional de Enfermagem (ICN). São mulheres relativamente jovens, com prevalência da faixa etária de 40 a 60, muitas delas com comorbidades, que não deveriam estar em contato com casos suspeitos de covid-19.
“A morte destas profissionais indica descaso do poder público com as condições de trabalho e de assistência à Saúde. Recebemos e fiscalizamos mais de 5 mil denúncias, a maior parte delas referentes à escassez e inadequação dos equipamentos de proteção individuais (EPIs)”, afirma o presidente do Cofen, Manoel Neri.
“Também é crucial é o afastamento dos profissionais integrantes de grupos de risco da linha de frente do combate à pandemia. Somos seres humanos, sujeitos aos mesmos fatores de risco da população em geral, e não máquinas”, pontua Neri, lembrando que o Cofen precisou recorrer à Justiça em busca do direito de afastamento e à testagem.
“Os dados são alarmantes e continuam crescendo, pois o Brasil ainda segue em curva de contágio ascendente. Negar a ciência e os fatos não impedirá que as mortes continuem crescendo, só alimenta a insegurança da população e dificulta a adesão a medidas básicas de higiene e distanciamento, fundamentais para contar a pandemia”, afirma.
Desde o início da pandemia, os Conselhos de Enfermagem receberam 7.742 denúncias de falta de EPI e sobrecarga de trabalho associada ao subdimensionamento profissional. Já foram apuradas 5.880.
“Poderíamos esperar que a situação dos EPIs, por exemplo, já tivesse sido resolvida, agora que os poderes públicos tiveram tempos de fazer ajustes. Mas nos últimos 15 dias, recebemos 582 denúncias”, afirma Walkírio Almeida, coordenador do comitê gestor de crise.