Leitor do Goiás365 conta, com exclusividade, a realidade vivenciada na Europa durante a pandemia de coronavírus
A equipe de reportagem do Goiás365 entrou em contato com um leitor que reside na Espanha, para saber qual a realidade vivenciada neste momento, durante o período crítico da pandemia provocada pelo coronavírus (Covid-19).
O barman, Ederson Siqueira, 32 anos, se mudou há pouco mais de um ano de Aparecida de Goiânia para Cadaqués, Província de Girona, situada na região da Catalunha. Em entrevista ao Goiás365, Ederson relatou como está a vida dos brasileiros na Espanha durante este momento crítico.
O goiano explica como foi a reação da população, assim que as primeiras notícias sobre o coronavírus foram divulgadas. Também comenta quais ações foram promovidas pelo Governo Espanhol e como está sendo a reação da população.
Confira a entrevista
Goiás365 – Como foi a reação da população quando chegaram as primeiras notícias do coronavírus?
Ederson Siqueira – Ninguém tinha muito medo e pensavam que não era nada tão grave.
Goiás365 – Qual foi o comportamento do governo espanhol no primeiro momento?
Ederson Siqueira – De primeiro momento o governo não fez nada, até que se agravou a situação em Madrid e em outras regiões do país.
Goiás365 – A população tratou a situação como piada ou seguiu as recomendações?
Ederson Siqueira – Piada não vi, mas estavam menos preocupados até perceberem a gravidade do que está acontecendo. Por acompanharmos a situação na Itália, e claro, após o estado [Governo Espanhol] declarar quarentena, todo mundo está levando à sério e tentando seguir o máximo [das recomendações] que podemos.
Goiás365 – Qual a sensação atual quando vai às ruas da cidade?
Ederson Siqueira – Desde sábado [14] não saio de casa. Quando fui ao supermercado, a cidade já estava praticamente um deserto, tudo fechado. Apenas supermercados e farmácias funcionando. É muito [comum] ver alguém passeando com os cachorros, porque aqui praticamente todo mundo vive em apartamentos. Então eles saem com os animais duas ou três vezes por dia, mas tem um limite de até 30 minutos.
Goiás365 – Há desabastecimento nos mercados e farmácias? Falta comida ou outros itens básicos?
Ederson Siqueira – Até o momento, não.
Goiás365 – Qual a mensagem que o governo espanhol passa para a população?
Ederson Siqueira – Para se cuidar e que pemanecermos em casa e seguirmos as recomendações, para podermos superar essa crise.
Goiás365 – Medidas extremas de segurança foram tomadas? Quais são?
Ederson Siqueira – Empresas todas fechadas, com funcionamento só [dos estabelecimentos] de primeira necessidade. Aeroportos fechados, fronteiras fechadas, quem não seguir a quarentena e for visto na rua, e que não seja pelos motivos que estão liberados está sujeito à prisão de 6 meses ou multa de 600 a 30 mil euros.
Goiás365 – Empresas e trabalhadores estão desrespeitando as determinações do governo espanhol?
Ederson Siqueira – Até o momento não. Até porque as multas são muito severas e aqui eles seguem muito isso ao pé da letra [as regras].
Goiás365 – Quais as punições impostas pelo governo espanhol aos que desobedecem as recomendações?
Ederson Siqueira – Multas e sujeito a ser preso.
Goiás365 – Quais as notícias que chegam até você sobre o que ocorre no Brasil?
Ederson Siqueira – Eu acompanho jornais e vejo pela internet algumas notícias, também converso com amigos e familiares. O que chega pra mim é que o povo não está levando à sério. Estou vendo que o governo também está sendo negligente em relação às medidas que devem ser tomadas. O vírus já está aí e se medidas não forem tomadas, a coisa vai ficar muito séria.
Goiás365 – Qual a sua opinião sobre o comportamento dos brasileiros em relação a pandemia?
Ederson Siqueira – Pra mim, de egoísmo, negligência, falta de consciência num momento tão grave.
Goiás365 – Com base na sua experiência na Espanha, qual mensagem que gostaria de passar aos brasileiros em relação ao Covid-19?
Ederson Siqueira – Que se cuidem, sigam as recomendações, pois é uma coisa que nunca imaginei na minha vida passar. É muito sério e parece coisa de filme. A Itália entrou em colapso no sistema de saúde, os médicos estão escolhendo quem vive e quem morre. Aqui vai passar o mesmo em pouco tempo. Nosso país [Brasil] não tem estrutura para algo tão grande assim. Vamos pensar em todos, principalmente nos nossos idosos, pois o que está em jogo são milhares de vidas.
