Grupos de mulheres organizam protesto em Goiânia

Movimento será realizado neste domingo no Estádio Olímpico

As mulheres goianas se uniram por meio de diversos grupos para protestar no próximo domingo (26) no Estádio Olímpico de Goiânia, oportunidade em que o goleiro Jean deve jogar pela primeira vez pelo Atlético Clube Goianiense. O movimento organizado pretende demonstrar a insatisfação diante da contratação feita pelo time rubro negro.

Recentemente o atleta, que pertence ao São Paulo, durante o período de férias no final do ano passado, teria agredido sua esposa nos Estados Unidos. O jogador de futebol chegou a ser preso, e ter seu contrato com o time paulista suspenso, mas foi liberado e agora responde a processo que tramita na Justiça americana. 

Porém, a contratação do atleta não repercutiu bem em Goiás. Em virtude disso, diversos grupos organizam o protesto para externar o descontentamento com a ação promovida pela direção do Atlético Goianiense, de contratar um jogador que se envolveu em caso de violência contra uma mulher.

Em comunicado enviado à imprensa, o grupo afirma que as mulheres goianas não podem ficar caladas diante desta situação. “Não podemos ficar caladas diante da contratação, por um time goiano, de um goleiro cujas imagens espancando sua mulher, na frente das filhas crianças, ganharam o mundo!”, diz a nota.

O movimento é composto pelos seguintes grupos: Associação Mulheres na Comunicação; Bloco Não é Não; Coletiva Manas; Coletivo de Mulheres Goianas; Coletivo de Mulheres da Região Noroeste; Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno; Coordenação Negras e Negros de Goiás; Centro Popular da Mulher de Goiás – CPM/UBM-Goiás; Movimento de Mulheres Olga Benário; Policiais Antifacismo; Sindicato dos Jornalistas de Goiás; e Sindicato dos Trabalhadores na Saúde – Sindsaúde.

Confira na íntegra a nota emitida pelo movimento: 

Nota de repúdio à contratação de goleiro acusado de espancador


Em defesa do amor contrapondo ao ódio, nós, mulheres goianas, nos colocamos como barreiras ao crescimento da violência contra as mulheres e do feminicidio! Somos mulheres de todas as idades, de todas as cores, de amor por diferentes times de futebol, que aqui nos unimos  para repudiar, veementemente, o fortalecimento da cultura da violência contra a mulher no Brasil e em Goiás, estado que, segundo diferentes pesquisas realizadas no ano de 2019, encontra-se entre o segundo e terceiro lugar no ranking dos que mais violentam, espancam e matam mulher. Não podemos ficar caladas diante da contratação, por um time goiano, de um goleiro cujas imagens espancando sua mulher, na frente das filhas crianças, ganharam o mundo! 

Goiás construiu uma bonita história de seu futebol e não queremos manchá-la com essa nódoa! Não somos depósito de refugo social! Futebol é arte e exemplo de trabalho com amor, inteligência e harmonia. Não violência!   Entendemos que um profissional da arte – no palco, tablado, tela ou no campo gramado – tem grande poder de influência sócio-cultural, mais do que os outros trabalhadores comuns. Seu exemplo vai além de sua própria família e, por isso, tem também aumentada a responsabilidade de promover a harmonia, a fraternidade, a saúde física e mental de todos e todas que o amam, que o admiram. Um ídolo jamais pode promover e ser exemplo da violência! 

Organizadas enquanto feministas, ativistas de direitos humanos e/ou simples torcedoras de times de futebol, incluindo também  torcedores do Atlético goiano, decidimos promover uma série de ações neste domingo (26/01/2020), no Estádio Olímpico de Goiânia, quando o  goleiro Jean deve jogar pela primeira vez pelo Atlético Clube Goianiense, que o contratou após ser refugado pelo time paulista onde anteriormente jogava.  Neste domingo, quando pais, mães e filhos vêm a um estádio de futebol para assistir um jogo do seu time de coração, não queremos simplesmente dizer não à contratacão de um profissional que pode valorizar tecnicamente à equipe. Dizemos não ao fortalecimento da cultura da violência contra a mulher!

De papel velho, usado e rasgado,vamos fazer flores para oferecer como símbolo da mulher machucada, violentada que é capaz de se reconstruir no amor! E, por meio desta Nota de Repúdio, pretendemos sensibilizar os torcedores e torcedoras de todos os times de futebol de Goiás a se fortalecerem na união fraternal e no cuidado de todos e de cada um e cada uma.  Nossa luta não é só pelo caso específico dessa violência do goleiro Jean contra a sua mulher e filhas. Entendemos que o Atlético Clube Goianiense, que se coloca como o “time da família”, está se contradizendo ao fazer a contratação de um homem que se tornou exemplo da brutalidade contra a sua própria família! 

E assim, como uma forma de contribuir com o não crescimento da cultura da violência contra a mulher, vimos fazer o lançamento de uma  ideia de projeto de lei que obrigue a toda empresa que contratar pessoa acusada publicamente, condenada ou não pela Justiça por violência contra a mulher, ao pagamento de porcentagem de seus salários para financiar campanhas da não violência contra a mulher.

Goiânia, janeiro de 2020

Associação Mulheres na Comunicação

Bloco Não é Não

Coletiva Manas

Coletivo de Mulheres Goianas

Coletivo de Mulheres da Região Noroeste

Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno

Coordenação Negras e Negros de Goiás

Centro Popular da Mulher de Goiás – CPM/UBM-Goiás

Movimento de Mulheres Olga Benário

Policiais Antifacismo 

Sindicato dos Jornalistas de Goiás

Sindicato dos Trabalhadores na Saúde – Sindsaúde

Total
0
Shares
Related Posts