A Operação Acolhida, do Governo Federal, atingiu a marca de 50 mil refugiados e migrantes venezuelanos interiorizados em três anos. Eles foram acolhidos em mais de 670 municípios brasileiros após chegarem ao Brasil em busca de um futuro melhor com emprego e acesso a serviços de educação e saúde.
A interiorização é um dos eixos da Operação Acolhida, que leva voluntariamente venezuelanos de Roraima e Manaus para outras cidades como forma de inclusão socioeconômica, para reduzir a pressão populacional nessas regiões e oferecer melhores oportunidades aos migrante e refugiados.
Foi em 2018 que Alberto José Figueiredo deixou a Venezuela fugindo da crise econômica e social no país e chegou ao Brasil pela cidade de Paracaíma (RR). Ele seguiu para Boa Vista (RR), onde permaneceu por dois meses até ser interiorizado.
“O processo de interiorização representou muito para mim, mudança de vida, sonhos, recomeço, metas, ser inserido no mercado de trabalho. Trabalhei sim, e muito, meu sonho sempre foi ser empreendedor e ter meu próprio negócio. Hoje tenho meu restaurante na cidade de São Sebastião. Quero crescer e seguir contribuindo com esse país”, relatou ao participar, nesta terça-feira (20), no Ministério da Cidadania, de cerimônia em comemoração ao marco de 50 mil venezuelanos interiorizados pela Operação Acolhida.
O ministro da Cidadania, João Roma, afirmou que a operação do Governo Brasileiro representa um horizonte de esperança para pessoas que buscam no Brasil um porto seguro para reiniciar as vidas com condições dignas. “A Operação Acolhida sintetiza de forma clara a atenção e a solidariedade do Governo Federal para com nossos irmãos sul-americanos. Trata-se de somatório de esforços por uma causa humanitária de imensa importância.”
O Governo Federal estima que cerca de 260 mil refugiados e migrantes venezuelanos vivem atualmente no Brasil.
Interiorização
O processo de interiorização começou em abril de 2018. Foram beneficiados 50.475 venezuelanos, sendo 90% desse total durante a atual gestão do Governo Federal.
A maioria dos venezuelanos interiorizados (88%) viajaram em grupos familiares e 12% sozinhos. Dos interiorizados, 47% são mulheres e meninas e 37% são menores de 18 anos, de ambos os sexos.
Para participarem da estratégia, os refugiados e migrantes precisam estar regularizados no Brasil, seja por meio de solicitação de refúgio, seja com visto de residência temporária.
Keila Ruiz Yepes faz parte da estatística dos que viajaram ao Brasil em grupo familiar. Ela, o marido e os dois filhos vivem em Esteio (RS), após passarem pelo processo de interiorização. Keila Ruiz contou que a família está na cidade há dois anos e se sente em casa. Hoje, ela comemora as oportunidades que eles tiveram no Brasil com a Operação Acolhida.
“Meu esposo, meu filho mais velho e eu temos emprego. Meu filho mais novo está em uma escola com professores excelentes. Eu não poderia estar mais agradecida pelas oportunidades que nos deram de uma nova vida, sonhos que sequer tínhamos e agora temos”, disse em depoimento exibido durante a cerimônia.
Realocação
O deslocamento para outros estados é voluntário, ou seja, depende da vontade dos venezuelanos. E segue quatro modalidades que são por emprego, quando o migrante é selecionado para uma vaga antes da realocação; a reunificação social; a reunificação familiar; e a ida de um abrigo em Boa Vista para abrigo em outra cidade.
Os estados que mais receberam venezuelanos foram Paraná (8.418), São Paulo (7.963) e Rio Grande do Sul (7.050). Os municípios que mais abrigaram os vizinhos são Manaus (4.893), Curitiba (3.511) e São Paulo (3.172).
Operação Acolhida
Coordenada pela Casa Civil, a operação tem três eixos que são: ordenamento de fronteira, que prevê documentação, vacinação e operação de controle do Exército Brasileiro; acolhimento, que compreende oferta de abrigo, alimentação e atenção à saúde; e a interiorização com objetivo de inclusão socioeconômica.
As ações têm a participação de 11 ministérios, organizações da sociedade civil e organismos internacionais.
Para participar, a vacinação contra doenças como sarampo, febre amarela e difteria devem estar atualizadas antes do embarque.
Operação em números
Já foram feitos mais de 217 mil atendimentos sociais;
Mais de 46 mil venezuelanos foram reconhecidos pelo Brasil como refugiados;
Mais de 255 mil CPFs foram emitidos;
Cerca de 155 mil pedidos de residência foram concedidos; e
Aproximadamente 4 mil militares já participaram das ações de acolhimento.
Pesquisa
A ACNUR, agência da Organização das Nações Unidas para refugiados, fez uma pesquisa com 360 famílias venezuelanas interiorizadas e mostrou que 77% delas encontraram emprego semanas após chegarem às cidades de destino. Também mostrou que todas tinham pelo menos uma criança na escola e a maioria já obtinham renda suficiente para pagar aluguel de moradia.