Investigação aponta que grupo criminoso era composto por advogados, médico, engenheiro e um militar da reserva
A Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), com apoio da Gerência de Ações Estratégicas na Secretaria Estadual de Saúde deflagrou, nesta quinta-feira (30/10), a Operação Césio 171 visando o cumprimento de sete mandados de busca e apreensão domiciliares e cinco mandados de prisão temporária na Região Metropolitana de Goiânia.
Os mandados foram emitidos em desfavor de advogados, médico e engenheiro pelos crimes de estelionato praticado contra ente público; associação criminosa e falsidade ideológica com prejuízo estimado em R$ 79 milhões e dano efetivo apurado em cerca de R$ 1,7 milhão.
Esta é a 2ª fase de investigação onde foi identificado que um grupo criminoso atuava falsificando documentos (inclusive laudos e relatórios médicos) com o objetivo de protocolar ações judiciais em nome de militares estaduais para obtenção de isenção de imposto de renda em decorrência de supostas exposições ao elemento radioativo Césio-137 no maior acidente radiológico mundial fora de uma usina nuclear, ocorrido em Goiânia em setembro de 1987.
Núcleos
Segundo o apurado, o grupo criminoso era composto de quatro núcleos: núcleo de captação; núcleo falsificação; núcleo de advogados laranjas e núcleo jurídico.
Foi identificado que o núcleo de captação era composto por um militar da reserva remunerada e uma advogada que, após captarem militares também da reserva que atuaram durante a década de 1980, coletavam documentos e relatórios médicos que então eram repassados para o núcleo de falsificação (composto por advogados, médico e engenheiro) para que este realizasse as alterações necessárias (incluindo doenças, falsificando integralmente os laudos e alterando nomes).
Após essas falsificações, o núcleo jurídico, por intermédio de logins de advogados integrantes do núcleo dos laranjas, protocolava ações judiciais com os documentos fraudulentos objetivando a isenção do imposto de renda em nome dos militares da reserva.
Apurou-se, ainda, que foram adulterados inclusive comprovantes de residência com o objetivo de escolher a comarca onde seriam protocoladas as ações judiciais, claramente burlando o sistema de livre distribuição processual e o princípio do juiz natural.
Esta fase busca desarticular totalmente o grupo criminoso, tendo como alvos os integrantes dos núcleos jurídico e de falsificações, já identificados pela investigação.
Ressalta-se que a primeira fase da operação, denominada Fraude Radioativa, deflagrada em 2024, desarticulou o grupo criminoso e cumpriu, na ocasião, mandados de prisão preventiva, buscas e apreensões e outras medidas cautelares em desfavor dos núcleos jurídico e de laranjas, impedindo que o prejuízo aos cofres públicos fosse ainda maior.
Os nomes dos envolvidos não foram divulgados pela polícia.