IPCA-15 tem deflação de 0,01%, menor taxa para abril desde início do Plano Real
A redução nos preços dos combustíveis marcou a prévia da inflação de abril, que registrou -0,01%, o menor resultado para o mês desde o início do Plano Real, em julho de 1994. O recuo nos preços da gasolina (-5,41%), que teve o maior impacto individual negativo no índice, do etanol (-9,08%) e do óleo diesel (-4,65%) levaram a uma queda de 5,76% dos combustíveis, que pressionaram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado hoje (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa é 0,03 ponto percentual (p.p.) abaixo da registrada em março, de 0,02%. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 0,94% e, em 12 meses, a variação acumulada foi de 2,92%, abaixo dos 3,67% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em abril de 2019, a taxa foi de 0,72%.
O grupo Transportes (que abrange o preço dos combustíveis e tem o maior peso no consumo das famílias) teve a maior influência no resultado, com queda de 1,47%. Nesse grupo, além dos combustíveis, também recuaram o seguro voluntário de veículo (-2,74%), o transporte por aplicativo (-3,11%) e o aluguel de veículo (-7,68%).
Por outro lado, as passagens aéreas apresentaram alta de 14,83%, após três meses consecutivos de quedas. Além disso, o item ônibus urbano (0,36%) também registrou variação positiva, por conta do reajuste de 5% no preço das passagens em Salvador, vigente desde 12 de março.
Outro grupo a apresentar queda mais intensa em abril foi artigos de residência (-3,19%). Destaque para os eletrodomésticos e equipamentos e artigos de TV, som e informática, cujos preços haviam subido em fevereiro e março e registraram quedas de -7,15% e -1,95%, respectivamente.
Alimentos sobem 2,46% em abril
No lado das altas, destaque para alimentação e bebidas, com variação de 2,46% e impacto de 0,48 p.p no IPCA-15. No grupo, o item alimentação no domicílio foi destaque, com aumento de 3,14%.
A cebola (35,79%) e o tomate (17,01%) aceleraram na comparação com o mês anterior, enquanto a batata-inglesa passou de uma queda de 1,02% em março para alta de 21,24% em abril. A cenoura (31,67%) registrou variação positiva pelo quarto mês consecutivo, acumulando no ano alta de 102,71%. Os preços das carnes (-0,27%) recuaram pelo terceiro mês consecutivo, embora a queda sido menos intensa que as registradas em fevereiro (-5,04%) e março (-1,81%).
Em Habitação (0,12%), o destaque foi para as altas do gás de botijão (0,82%) e da taxa de água e esgoto (0,28%), esta última decorrente do reajuste médio de 6,23% em uma das concessionárias de Porto Alegre, vigente desde 21 de março.
Já no item energia elétrica (-0,10%), a maior variação foi observada no Rio de Janeiro (5,21%), por conta dos reajustes aplicados nas tarifas residenciais de duas concessionárias, ambos válidos a partir de 15 de março. Em abril, permanece em vigor a bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz. Por fim, o resultado do item gás encanado (-0,27%) é consequência da redução média de 0,85% nas tarifas em São Paulo (-0,45%), aplicada a partir de 2 de março.
Deflação
Seis das 11 regiões pesquisadas tiveram deflação em abril. O maior índice foi na região metropolitana do Rio de Janeiro (0,61%), influenciado pela alta da energia elétrica. Já o menor resultado foi no município de Goiânia (-0,52%), por conta das quedas nos preços dos combustíveis (-8,13%), especialmente gasolina (-6,93%) e etanol (-14,38%). Os preços foram coletados no período de 17 de março a 14 de abril de 2020 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 12 de fevereiro a 16 de março de 2020 (base). Em virtude da pandemia de Covid-19, o IBGE suspendeu, no dia 18 de março, a coleta presencial de preços. A partir dessa data, os preços passaram a ser coletados por outros meios, como pesquisas em sites de internet, por telefone ou e-mail.