Gases intestinais: estudo sugere que os puns femininos podem ter odor mais forte que os masculinos
Amostras foram coletadas para avaliação e comparação
Uma curiosidade que voltou a circular recentemente entre pesquisadores e veículos de imprensa é a ideia de que os gases intestinais das mulheres podem cheirar mais forte do que os dos homens — e existe base científica para essa afirmação, embora com nuances importantes.
O estudo frequentemente citado nessa discussão foi conduzido pelo gastroenterologista Dr. Michael Levitt — apelidado por alguns veículos de “Rei dos Puns” — e analisou a composição química dos gases produzidos por um pequeno grupo de voluntários que consumiram alimentos conhecidos por aumentar flatulência (como feijão). As amostras de gases foram coletadas em sistemas fechados e analisadas em laboratório usando técnicas de gás cromatografia, além de serem avaliadas por juízes que classificaram o odor de forma “às cegas”.
Nesta análise, os gases produzidos por mulheres apresentaram concentrações mais elevadas de sulfeto de hidrogênio, composto responsável pelo cheiro característico de “ovos podres”, em comparação com os homens — e isso foi correlacionado com um odor que os avaliadores classificaram como mais intenso.
O que os dados realmente indicam
Volume vs. composição: Pesquisas demonstram que não há diferença significativa no número de episódios de flatulência entre homens e mulheres — ambos tendem a liberar gases com frequência similar ao longo do dia. O diferencial observado está na composição química dos gases, não necessariamente no volume ou frequência.
O sulfeto de hidrogênio importa: Os gases intestinais são majoritariamente inodoros (mais de 99% do volume), compostos por nitrogênio, dióxido de carbono, hidrogênio e metano — mas o mau cheiro vem de uma pequena fração de gases de enxofre, como o sulfeto de hidrogênio (H₂S). É essa substância que faz o cheiro ser mais perceptível ao olfato humano.
Estudos como o de Levitt observaram que, quando comparados por amostra, os gases de mulheres podem ter maior concentração desses compostos sulfurados, o que pode resultar na percepção de odor mais forte — apesar de os homens, em média, produzirem gases em maior volume por episódio.
Por que isso acontece?
Os pesquisadores não atribuem a diferença exclusivamente ao sexo, mas sugerem que ela pode estar ligada a fatores como:
- Composição da microbiota intestinal — grupos de bactérias que fermentam alimentos de maneiras diferentes em cada pessoa;
- Dieta e hábitos alimentares — alimentos ricos em enxofre aumentam a produção de compostos odoríferos;
- Diferenças fisiológicas menores que influenciam a fermentação intestinal. Biology Insights
Importante: isso não é regra absoluta
Especialistas ressaltam que essas diferenças são observações em contextos controlados de estudo, muitas vezes com amostras pequenas, e que fatores individuais como dieta, microbiota, saúde digestiva e até o momento do ciclo menstrual influenciam tanto ou mais o odor dos gases do que o gênero em si.
Ou seja: não existe um “cheiro padrão” para homens ou mulheres — mas algumas pesquisas indicam que, sob certas condições, gases femininos podem apresentar maior intensidade de odor devido à composição química observada em laboratório.